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terça-feira, 30 de maio de 2006

TE AMAR




Eu abro o guarda-roupas e choro porque eu n?o quero ficar bonita, eu n?o quero dar a volta por cima, eu n?o quero ficar bem pra voc? ver que eu estou bem e quem sabe ter saudades. Choro porque acho ridículo os jogos da vida, qualquer coisa é ridícula perto desse amor que é t?o simples e óbvio.
Quando finalmente eu consigo me arrumar em meio a esse rio de lágrimas, eu choro porque o caminh?o do gás passou e aquela musiquinha idiota, mais algumas crianças berrando na quadra lá embaixo e mais dois passarinhos cantando na minha janela, me lembram que a rotina, a alegria e a pureza ainda existem, apesar de voc? n?o estar mais aqui.
Nada, nada aconteceu para o mundo. E eu me sinto minúscula e sozinha por n?o ter a cumplicidade da vida lá fora, por n?o ter um minuto de sil?ncio pela nossa morte, por ter que sentir tudo isso sozinha, entre escovas de dentes, xixis e roupas dobradas e cheirosas.
Odeio a ordem de tudo, odeio a funcionalidade de tudo, odeio que a TV ligue, que o telefone toque, que meu estômago peça comida, que japonesas riam fora de hora, que meu carro corra, que a bola quique duas vezes antes e, principalmente, que voc?, n?o muito longe daqui, sorria.
Dirijo até meu trabalho sem nada dentro de mim a n?o ser um monstro parasita que se alimenta do meu desespero, nenhum farelo de comida. Meu lado da frente está quase colando ao de trás, talvez na falta de voc? eu precise mesmo me juntar mais a mim mesma. Minha mesa está lá, meu lixo está lá, minha cadeira, a menina grande que fala igual a um homem, a gordinha solícita que n?o pára de me olhar até que eu olhe para ela, sorria e diga bom dia. Está tudo lá, mas voc?, mais uma vez, n?o está aqui.
Vou para o banheiro e choro, que novidade? Mas dessa vez porque me olho no espelho, e isso também me lembra voc?. Eu era sua, a sua menina, a sua criança, a sua mulher, a sua escritora predileta, a sua parceira de dar risada de programas estúpidos que passam de madrugada na TV, a sua namorada sensível que tinha medo de vomitar e de amar demais, assim como voc?. A sua melhor amiga pra sentar num banco de praça e falar mal de todo mundo, pra perder um trem na Itália e ainda por cima sentar num chiclete fresco ou pra cuidar do nosso porquinho de pelúcia. Eu era a mulher que encaixava a cabeça nas suas costas e sabia que tinha nascido a partir de voc?, eu era a mulher que esperava sofridamente voc? voltar mas nunca deixou de te amar mesmo quando voc? ia.
Todo mundo me fala que eu preciso ser minha, inclusive pra ser sua, mas eu n?o deixo de olhar para o espelho e ver uma metade de gente, uma metade de sonho, de sexo, de alegria e de futuro. Que se foda a auto-ajuda, que se fodam os livros com homens carecas, que se foda o terceiro olho (do cu?) e que se foda a psicologia: eu sou mesmo metade sem voc? e que se foda!
Se antes de voc? aparecer eu já te amava, eu já te esperava, eu já sabia que voc? existia, como eu posso n?o te amar agora que voc? tem forma, sorriso, coraç?o e nome?

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