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terça-feira, 9 de novembro de 2004


N?o pode tocar

Cuidado Frágil!!!

Entro num museu, paro em frente a um quadro, a uma escultura, a uma cerâmica, e enxergo o aviso: n?o pode tocar. N?o posso, ent?o n?o toco, tudo bem. N?o tocarei pra n?o estragar, pra n?o quebrar, pra durar por muitos séculos. Nada de sentir a textura do material, nada de deixar minhas digitais impressas, nada de arranhar a tela com minhas unhas mal lixadas, de desgastar as cores com meus dedos imundos. Ent?o a gente respeita, n?o chega muito perto, n?o atravessa a linha amarela, nada de macular a obra com nosso hálito quente e nosso olhar aproximado demais.

Assim é também entre homens e mulheres, entre pais e filhos, entre amigos que procuram se proteger: n?o se pode tocar em determinados assuntos.

Há quest?es que arriscam ser maculadas com palavras, que um olhar aproximado demais poderia danificar. Instaura-se sempre um sil?ncio de museu ao nos aproximarmos de temas perigosos. Tolera-se apenas o som da tev?, de um teclado de computador, de alguém falando ao telefone, ruídos parecidos com sil?ncio, já que n?o fazem barulho excessivo, n?o incomodam o suficiente. Palavras incomodam o suficiente. Vamos falar sobre o que nos aconteceu dez anos atrás. Vamos conversar sobre a morte do seu pai. Vamos tentar entender juntos a raz?o de voc? estar bebendo desse jeito. Me diz o que te perturbou na infância. N?o, n?o quero tocar neste assunto.

Mantenha-se atrás da faixa amarela, n?o chegue muito perto, n?o acerque-se de meus traumas, n?o invada meus mistérios, n?o atrite-se com o meu passado, n?o tente entender nada: é proibido tocar no sagrado de cada um.

Todas as relaç?es do mundo possuem sua prateleira de cristais. Há sempre um suspense, uma delicadeza ao transitar pela fragilidade do outro. Melhor n?o falar muito alto, é mais prudente ir devagar e com cuidado. Para n?o estragar, pra n?o quebrar, pra durar por muitos séculos.

BAIXO ASTRAL: DE QUEM É A CULPA?

No café-da-manh?, suco de laranja com Prozac. No almoço, água mineral com Lexotan. Na janta, uísque e Dormonid. N?o é a nova dieta da Adriane Galisteu: é a dieta de quem está com excesso de peso na alma.

O maior mal das pessoas infelizes é n?o diagnosticar corretamente de onde vem a sua dor. Ninguém acha que tem culpa por as coisas estarem dando errado. É culpa do chefe, do ex, dos pais, dos políticos, do síndico, da tev?, de todos que fazem parte desse mundo do qual voc? foi expulso. Que tal assumir a responsabilidade sozinho para ver o que acontece?

Estou longe de ser f? do Lair Ribeiro, papa da neurolingüística brasileira, mas devo reconhecer que a maioria dos nossos problemas foram originados dentro de nós mesmos e só por nós podem ser solucionados. N?o se está falando aqui de problemas graves, como a perda de um parente, de um imóvel, de um emprego ou da própria saúde, mas daquelas ingresias do cotidiano que nos tornam incapazes de sorrir.

Voc? se acha feia. Cada vez que v? uma foto da Ana Paula Arosio agradece a Deus por morar no térreo, pois se fosse no oitavo andar se atirava de bico. Se acha gorda, também. Tem um senhor quadril. O melhorzinho em voc? s?o os pés, mas ninguém irá olhar para eles enquanto voc? n?o reduzir seu nariz pela metade. Espelho, espelho meu, logo eu?

Se ao menos voc? fosse assombrosamente inteligente, mas voc? é médio. L? 5 livros por ano e nunca disse nada que merecesse entrar para uma antologia poética. Voc? queria escrever t?o bem quanto o Verissimo, ser t?o espirituosa quanto o Jô e t?o bem informada quanto a Marilia Gabriela, mas se sente t?o insossa quanto a sua manicure.

Nada disso lhe afetaria se voc? tivesse uma conta bancária recheada, mas voc? n?o recebe aumento há tr?s anos. Se ao menos o seu namorado fosse a cara do Brad Pitt, mas ele é a cara do Keith Richards. Se ao menos voc? morasse em Nova York, mas seus pais fizeram a gentileza de se mudar para uma cidade chamada Sert?ozinho, onde ninguém jamais botou os olhos num Big Mac.

Aparentemente, n?o dá para dizer que sua vida é nitroglicerina pura, mas só podemos chamar de tragédia aquilo que é irreversível, o que n?o é o seu caso. Tudo é uma quest?o de humor e de atitude: mude. Deixe de colocar sua felicidade na m?o dos outros. Comece um caso de amor consigo mesma e pare de se boicotar. A Ana Paula Arosio, o Verissimo, a Marilia Gariela e o Brad Pitt n?o t?m culpa de voc? insistir em seguir modelos. Inaugure sua própria fórmula de ser feliz e patenteie. Voc? ainda vai ficar rica com os direitos autorais.
 Posted by Hello

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