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sexta-feira, 27 de agosto de 2004

GOSTAR É T?O FÁCIL QUE NINGUÉM ACEITA APRENDER

Talvez seja t?o simples, tolo e natural que voc? nunca tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonito o seu amor. Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito.
Aprenda, apenas, a t?o difícil arte de amar bonito.
Gostar é t?o fácil que ninguém aceita aprender.
Tenho visto muito amor por aí,
Amores mesmo, bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doaç?o e dádiva, mas esbarram na dificuldade de se tornar bonito.
Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenç?o.
Amores levados com arte e ternura de m?os jardineiras.
Aí esses amores que s?o verdadeiros, eternos e descomunais de repente se percebem ameaçados apenas e t?o somente porque n?o sabem ser bonitos: cobram; exigem; rotinizam; descuidam; reclamam; deixam de compreender; necessitam mais do que oferecem; precisam mais do que atendem; enchem-se de raz?es.
Sim, de raz?es.
Ter raz?o é o maior perigo no amor.
Quem tem raz?o sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justiça, eqüidade, equiparaç?o, sem atinar que o que est?o sem raz?o talvez passe por um momento de sua vida no qual n?o possa ter raz?o. Nem queira.
Ter raz?o é um perigo: em geral enfeia o amor, pois é invocado com justiça mas na hora errada.
Amar bonito é saber a hora de ter raz?o.
Ponha a m?o na consci?ncia.
Voc? tem certeza que está fazendo o seu amor bonito?
De que está tirando do gesto, da aç?o, da reaç?o, do olhar, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desencontro, a maior beleza possível?
Talvez n?o.
Cheio ou cheia de raz?es, voc? espera do amor apenas aquilo que é exigido por suas partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer.
Quem espera mais do que isso sofre, e sofrendo deixa de amar bonito.
Sofrendo, deixa de ser alegre, igual, criança.
E sem soltar a criança, nenhum amor é bonito.
N?o tema o romantismo.
Derrube as cercas da opini?o alheia.
Faça as coroas de margaridas e enfeite a cabeça de quem voc? ama.
Saia cantando e olhe alegre.
Recomendam-se: encabulamentos; ser pego em flagrante gostando;
n?o se cansa de olhar, e olhar; n?o atrapalhar a conviv?ncia com teorizaç?es; adiar sempre, se possível com beijos, "aquela conversa importante que precisamos ter", arquivar se possível, as reclamaç?es pela pouca atenç?o recebida.
Para quem ama toda atenç?o é pouca.
Quem ama feio n?o sabe que pouca atenç?o pode ser toda atenç?o possível.
Quem ama bonito n?o gasta o tempo dessa atenç?o cobrando o que deixou de ter.
N?o teorize sobre o amor (deixe isso para nós, pobres escritores que vemos a vida como criança de nariz encostado na vitrine, cheia de brinquedos
dos nossos sonhos): n?o teorize sobre o amor, ame.
Siga o destino dos sentimentos aqui e agora.
N?o tenha medo exatamente de tudo o que voc? teme, como: a siceridade; n?o dar certo; depois vir a sofrer (sofrerá de qualquer jeito); abrir o coraç?o; contar a
verdade do tamanho do amor que sente.
Jogue para o alto todas as suas jogadas, estratagemas, golpes, espertezas, atitudes sabidamente eficazes (n?o é sábio ser sabido);seja apenas voc? no auge de sua emoç?o e car?ncia, exatamente aquele voc? que a vida impede de ser.
Seja voc? cantando desafinado, mas todas as manh?s.
Falando besteiras, mas criando sempre.
Gaguejando flores.
Sentindo o coraç?o bater como no tempo do Natal infantil.
Revivendo os carinhos que instruiu em criança.
Sem medo de dizer, eu quero, eu gosto, eu estou com vontade.
Talvez aí voc? consiga fazer o seu amor bonito, ou fazer bonito o seu amor, ou bonitar fazendo seu amor, ou amar fazendo o seu amor bonito (a ordem das frases n?o altera o produto), sempre que ele seja a mais verdadeira express?o de tudo o que voc? é, e nunca deixaram,conseguiu, soube, pôde, foi possível, ser.
Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto.
N?o se preocupe mais com ele e suas definiç?es.
Cuide agora da forma.
Cuide da voz. Cuide da fala.
Cuide do cuidado. Cuide do carinho.
Cuide de voc?.
Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz.
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Voc? n?o pode voltar atrás no que v?,
Voc? pode se recusar a ver, o tempo que quiser,
até o fim de sua vida pode se recusar, sem necessidade de rever seus mitos ou movimentar-se de um lugar confortável.
Mas a partir do momento que voc? v?, mesmo involuntariamente,voc? está perdido (...)
Caio Fernando Abreu

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